Em meus longos vinte e quatro anos transcorridos desde o primeiro curso de degustação feito na De Lantier em junho de 1988, somente uma vez, poucos dias atrás, um desavisado, me perguntou: “Você não acha que cursos de degustação, ensinar a beber, é uma forma de estimular o alcoolismo?”
Quanta ignorância, quando desconhecimento das noções básicas da importância da vitivinicultura na cultura das nações e em especial, da forma de consumo de vinhos e espumantes.
Em meus cursos de degustação não pretendo ensinar ás pessoas do que devem gostar e sim auxiliá-las na procura das razões pelas quais gostam de um determinado vinho. Os participantes recebem informações sobre degustação e este início é o que os afasta da consumo na procura do álcool. Quem se aproxima do vinho e dos espumantes o faz procurando o prazer que proporcionam as belas cores, os convidativos aromas e o característico sabor.
Perceber que é possível, sem ser um expert ou técnico, identificar as diferenças entre as características dos vinhos é algo surpreendente.
O vinho é uma bebida social, deve ser saboreado em companhia. Não tem nada mais chato que beber um bom vinho sozinho...é como dançar com a irmã. Não tem graça.
O vinho é uma bebida gastronômica, precisa conviver harmoniosamente com os alimentos. Por isso o vinho está inserido nos hábitos gastronômicos milenares dos europeus.
O vinho é uma bebida cultural, quem se aproxima logo descobre o mundo de informações sobre castas, regiões, tipos, marcas, etc. que existem a disposição. E ao conhecê-las ganha saber, cultura.
O vinho é uma bebida que tem raízes fundas e firmes com as regiões produtivas e sua gente. Desperta sentimentos fraternos, estimula a amizade, os relacionamentos, une as pessoas em torno dele.
Por fim a cultura do vinho é tão imensa que parece misteriosa, nunca sabemos tudo, sempre descobrimos algo novo.
Por todas e outras razões que o vinho não está associado ao alcoolismo e sim à moderação.
Mas neste mundo existem pessoas e pessoas. Estão aqueles que procuram o álcool para ganhar coragem, liberar sentimentos como magoas, frustrações, raivas. Por isso o bêbado é chato. Ninguém aguenta sua depressão. Este individuo não procura o vinho. Procura e consome destilado, dos chiques como vodka, whisky, gin ou os mais populares como rum e cachaça. Dão menos trabalho e o efeito é imediato.
É importante lembrar que a Russia iniciou na década de setenta uma campanha de combate ao alcoolismo de bebida branca (vodka) através de estímulo ao consumo de vinho. Sabiam que estariam trocando o álcool fácil por uma bebida gastronômica, prazerosa.
5 comentários:
Tenho pouco tempo que aderi a degustação de vinhos. Neste artigo voce expressou algo importante que diferencia o vinho das demais bebidas que é a essencia cultural e gastronomica que não deixa duvidas que o seu consumo é uma questão de prazer natural e não para alterar personalidade.
Gostei e achei pertinente a sua manifestação
Adenauer Isaac
Meu caro Adenauer:
Sua exemplo é uma clara demonstração de que quanto mais nos apróximamos do vinho,mais o entendemos e mais prazeroso é seu consumo.
Abraço
Prezado Adolfo Lona
Concordo 102% com o post que escreveste. Já havia lido em seu livro a afirmação de que "não faz sentido associar o vinho com o alcolismo", pois uma coisa é incompatível com a outra. Nada mais correto d fato.
Que me perdoem os consumidores das demais bebidas, mas acredito que o amante do vinho não busca jamais o efeito do álcool - pelo contrário: ele quer evitar este efeito, permanecendo são o máximo possível para poder apreciar do sabor e do néctar com toda a lucidez e atenção do qual esta maravilhosa bebida é digna.
Forte abraço
Tiago Bulla
universodosvinhos.com
Prezado Tiago:
Os vinhos e espumantes são para aqueles que procuram os prazeres escondidos em cada belo visual, cativante aroma e convidativo gosto destas maravilhosas bebidas.
Grande abraço
É uma bonita frase. Acho que resume perfeitamente.
Abraço
Tiago
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