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sábado, 19 de dezembro de 2009

Normalidade


Estamos fechando outro ano e os números do desempenho dos vinhos brasileiros em relação aos importados demonstram que aparentemente o mercado está retomando a normalidade. Porque devem concordar comigo que 75% do volume total vendido ser de vinhos importados, muitos deles baratos e ruins, não é normal.
Foi uma situação temporária resultante de alguns fatores que tentarei relacionar:

Fatores que explicam o crescimento dos importados em relação aos nacionais
1) Abertura econômica total após décadas de mercado fechado. Menos impostos, menos travas, mais competitividade dos produtos importados. Apesar de todas estas vantagens o setor importador, que não estava preparado para tomar as melhores decisões que atendessem adequadamente a equação "preço x qualidade", começou a oferecer uma enorme quantidade de produtos de todo nível qualitativo e de preço. Os mais baratos ocuparam um enorme espaço rapidamente.
2) Entrada ao mercado de novos consumidores, pouco habituados ao consumo de vinhos e espumantes e por isso incapazes de diferenciar gato de lebre. Isto justifica porque as porcarias citadas antes se venderam muito bem e continuam se vendendo, agora em menor quantidade.
3) Deslumbramento deste novo consumidor ante o produto "estrangeiro" , considerado sempre melhor.
4) Bobeira generalizada do setor produtivo brasileiro acostumado às benesses do protecionismo e incapaz de perceber a tempo a grande mudança que estava acontecendo.
5) Desequilibro competitivo do Brasil em relação aos outros países, em especial os vizinhos como Argentina e Chile. A carga impositiva do Brasil, uma das mais altas do mundo, somada a arrogância do setor, permitiram o rápido crescimento dos vinhos importados e a queda dos nacionais até atingir o absurdo porcentual de 75% - 25%
6) A presença crescente de vizinhos como Argentina e Chile que possuem excelentes condições para produzir bons e baratos vinhos tintos, tipo mais consumido na última década.

Fatores que justificam o inicio da recuperação dos nacionais
1) Evolução do consumidor: O apreciador que descobre o vinho e o reconhece como bebida prazerosa e gastronômica passa, com o hábito de consumo, a evolucionar, aperfeiçoar seu paladar sabendo identificar as características dos vinhos bons. Devido à baixa graduação alcoólica que possibilita sentir com facilidade os componentes aromáticos e gustativos, o novo consumidor progride, é mais exigente a cada dia. Esta evolução está sendo determinante na queda do volume dos importados, alguns deles de qualidade deplorável.
2) Abuso dos importadores brasileiros: As redes de supermercados, responsáveis pela maior parte das vendas, entraram no mercado importador com o critério que prevalece neste canal de distribuição: preço. Como neste quesito ninguém faz milagres, a qualidade caiu proporcionalmente aos preços afetando a imagem dos vinhos de alguns países.
3) O setor produtivo brasileiro parece acordar: Houve uma reconhecida melhora na oferta de vinhos nacionais seja na qualidade como nos preços. Novas variedades, novas regiões produtivas, mudanças nas técnicas de elaboração com o abandono do excessivo intervencionismo e a presença de madeira.
4) Atuação forte do Instituto Brasileiro do Vinho - IBRAVIN, que parece ter se liberado da má influencia e da politicagem de uma entidade de classe "predadora" que formava parte de seu Conselho. Uma equipe dinâmica e focada com profissionais como Carlos Paviani no comando geral e Diego Bertolini no marketing, tem conseguido fazer ações inteligentes e efetivas além de colocado na rua uma agressiva campanha publicitária.
5)A conseqüência de todos estes fatores está sendo o aumento da confiança do consumidor no produto nacional.

Agora é só continuar neste longo caminho de recuperação. Com certeza o mercado, que continuara crescendo devido aos atributos do vinho, reservará um bom espaço aos bons e honestos vinhos brasileiros.
Os espumantes? Sempre afirmo que o Brasil, devido a sua maravilhosa condição geográfica e climatológica onde predomina seu rico e sedutor litoral, está condenado a beber espumantes com freqüência. Como enfrentar um prato de camarão, peixe, lagosta ou frutos do mar numa praia ensolarada sem sentir necessidade de acompanhar-lo com uma taça de fresco e borbulhante espumante brasileiro?

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Reputação


As regiões vitivinicolas demarcadas conhecidas na Itália, Espanha e Portugal pela sigla D.O.C e na França A.O.C. que significam Denominação de Origem Controlada, respondem ao seguinte fundamento: todos os produtos elaborados dentro de uma área geograficamente limitada, que sigam rigorosamente as regras determinadas por seus criadores, serão identificados com o nome da região ou outra determinada na criação.
Nos países citados existe um organismo oficial que regula a criação destas regiões evitando o uso indevido deste principio. Na Espanha por exemplo, se chama INDO - Instituto Nacional de Denominações de Origem. A criação das DOC é um fenômeno relativamente novo, a maioria do século vinte, e teve como principal objetivo o ordenamento da produção de uvas e vinhos e o aumento e reconhecimento da qualidade e tipicidade dos produtos oriundos das diferentes regiões.
França define assim o conceito de DOC:
É o nome famoso que um produto adquire por possuir características peculiares que o diferenciam dos demais e que resulta de:
- fatores naturais, como área de produção e variedade de uva
- fatores humanos como método de elaboração, destilação, etc.
Exemplos: BORDEAUX, BOURGOGNE, CHAMPAGNE, BEAUJOLAIS, COGNAC, RIOJA, CAVA, BAROLO, ASTI, DÃO, BAIRRADA,ETC.
A região que deseja criar uma DOC (que na maioria dos casos já passou por fases prévias como Indicação Geográfica de Procedência ou outras), cria uma identidade jurídica própria e um Conselho que determina as regras para o uso da denominação.
Área geograficamente limitada: Se o sentido é "produto que possui características próprias" é fundamental delimitar a área onde as condições de clima e solo o permitem.
Regras ou Regulamento: Determina rigorosamente as variedades permitidas (somente elas podem formar parte da composição dos vinhos), sistema de plantio, produção máxima permitida, sistemas de elaboração, prazos de maturação e envelhecimento quando houver, regras de rotulagem, infrações e penalidades, etc. Estas últimas são muito duras porque qualquer desvio de conduta prejudica o grupo. O nome da DOC é considerado patrimônio coletivo que agrega valor a todos os produtos comercializados sob essa identificação por isso, além das penalidades que são duras, o grupo faz questão de publicar, quem fraudou, como fraudou e como foi penalizado. As penas chegam a fechamento da cantina e prisão dos responsáveis.
Dito tudo isto, fica mais claro o motivo da noticia que chega da Europa relacionada ao escândalo da região de Toscana onde alguns produtores foram pegos utilizando uvas de outras regiões, com certeza mais baratas. Vamos a noticia:
Um escândalo está abalando a indústria de vinho da Itália. Investigação da polícia revelou que produtores da bebida teriam engarrafado vinhos que continham mistura com uvas não autorizadas pelas suas denominações. O site Wine News publicou uma reportagem provando que pelo menos 10 milhões de litros de Chianti, Toscana IGT, Brunello di Montalcino e Rosso di Montalcino poderiam ter sido misturados a vinhos inferiores. Já estariam sob investigação das autoridades italianas 17 pessoas e 42 empresas produtoras, o que levou a investigação para outras regiões como Abruzzo, Trentino, Piemonte, Lombardia e Emilia-Romagna. A extensão do caso faz com que o crítico Jeremy Parzen, editor do blog Do Bianchi, venha a se referir ao novo escândalo como Chiantigate, em alusão ao famoso escândalo Watergate que derrubou o presidente americano Richard Nixon nos anos 70.
É um escândalo e tanto que esperamos sirva como exemplo para os espertinhos. Que as penas sejam duras, os nomes sejam revelados e os transgressores impedidos de por vida de participar do negócio da uva e do vinho. Será uma depuração necessária para preservar o duro, longo e sério trabalho realizado pelos vitivinicultores, não somente destas admiradas regiões da Itália, como de todo o mundo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Espumante ORUS




No dia 07 de dezembro fizemos o lançamento de nosso espumante ORUS Rosé Pas Dosé, elaborado pela método tradicional ou champenoise e com ausência total de açúcares, o que equivale ao Nature.
A produção deste pequeno lote de ORUS é feito em homenagem os clientes que nos privilegiam com sua preferência e possibilitam o crescimento constante de nosso carro-chefe o Brut Rosé Adolfo Lona.
O lote de 608 garrafas anuais resulta de um volume de 500 litros que será a quantidade que irá caracterizar este produto durante toda sua trajetória.
O ciclo de produção é de 12 + 12 meses, ou seja doze meses maturando sobre as leveduras onde ganha a complexidade aromática e gustativa que o tempo possibilita devido a autólises das leveduras e doze meses envelhecendo com a rolha definitiva quando ganha sutileza, elegância e potencia. O assemblage é uma mistura de vinhos de 3 variedades, Chardonnay, que participa com seu frescor, Pinot Noir em rosado que agrega força, e uma pequena parcela de Merlot em rosado, que complementa com elegância e ameniza a acidez.
A cor é a típica dos rosados feitos pelo método tradicional, rosada laranja clara lembrando casca de cebola, seu aroma é intenso, complexo e convidativo e o gosto é longo, marcante e potente. É um espumante que dignifica o Rio Grande do Sul e nos deixa muito orgulhosos.
O ORUS será comercializado em estojo de papelão ou madeira diretamente de nossa cantina ou através de nossos distribuidores. Em Porto Alegre será distribuído pela Hannover Vinhos cujos dados aparecem em nosso site www.adolfolona.com.br
Foi um encontro maravilhoso porque tive a oportunidade de reencontrar velhos e queridos amigos que sempre me acompanharam nos momentos importantes de minha vida.
O encontro foi feito no restaurante Hashi Art Cuisine de meu grande amigo Carlos Kristensen que nos ofereceu um coquetel digno de sua reputação com um serviço de primeira.
Entre os presentes estavam integrantes da simpática Confraria Adolfinas formada por jovens senhoras que trabalham na área do direito e que se reúnem periodicamente para passar momentos descontraídos bebericando borbulhantes taças de espumante. Na reunião de criação da Confraria foram apresentadas ao Brut Rosé Adolfo Lona do qual gostaram muito e foi inspiração para o nome da Confraria.
Confesso que fiquei extremamente orgulhoso e feliz que um produto nosso tivesse inspirado este grupo devido à qualidade.
Na primeira fotografia podem observar as adolfinas, minha esposa Silvia e minhas filhas Ana Isabel e Maria Gabriela (iniciando o grupo a esquerda). As adolfinas presentes foram
Flávia Pereira
Maria Claudia Felten
Maria Cristina
Lúcia Junqueira
Gabriela Volpato
Dinéia Anziliero
Laís Lucas
Para conferir o blog da confraria acesse www.confrariaadolfinas.blogspot.com/
Na segunda fotografia estão alguns dos presentes em ordem de esquerda para direita o diretor do Jornal de Comercio Mercio Tumelero, , deputado estadual Adão Villaverde, colunista da Zero Hora e apresentador do programa Anonymus Gourmet José Antonio Pinheiro Machado,
jornalista e colunista do Jornal de Comercio Danilo Ucha, diretor comercial do Jornal de Comercio Luiz Borges e o cheff Carlos Kristensen.
Mais abaixo a apresentação do ORUS em belo estojo de madeira, "vestido" com um medalhão de cobre frontal, um contra-rótulo transparente e um folder explicativo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A degustação ás cegas



Toda degustação às cegas reserva surpresas porque em tese retira a subjetividade presente na degustação com conhecimento antecipado dos vinhos.Na degustação às cegas "todos os gatos são pardos" e revela o gosto individual, sem influências. Caso o júri seja formado por espertos nos vinhos avaliados, a chance de desvios é baixa.Por isso é curioso o que aconteceu na degustação feita dos maiores vinhos de Bordeaux.
Um grupo selecto de experts relacionados acima, muitos deles franceses e alguns especialistas nos vinhos desta maravilhosa região da França, se reuniram para fazer uma avaliação ás cegas de 11 vinhos. Foram degustados mitos como Château Pétrus, Margaux, Latour, Ausone e Cheval Blanc cujos preços oscilam entre 272,00 euros até mais de 1.500,00 euros com outros menos famosos e caros.
O resultado surpreendeu a todos porque os dois primeiros lugares foram ocupados respectivamente por um vinho de 152,00 euros, o Château Angélus e "pasmem".... um vinho de 14,90 euros, o Château de Reignac. O Reignac é um Bordeaux Superior que é uma das classificações básicas, elaborado com predominância de Merlot (70%) e 25% de Cabernet Sauvignon.
O Angélus é uma mistura proporcional de Merlot e Cabernet Franc. É evidente que o estilo destes vinhos mais ligeiros e frescos agradou mais que os mitológicos Latour, Petrus e Margaux e pelos comentários de boa parte dos jurados isto ficou claro.
Podemos tirar alguma conclusão útil desta degustação? Acho que pouco.
Creio que a mais importante é aquela que defendo desde sempre: as avaliações através de jurados que dão notas é pouco confiável e pode dar resultados de todo tipo. Se um grupo de consagrados experts tem opiniões tão distantes e o resultado matemático é tão surpreendente, que esperar dos resultados obtidos em concursos onde predominam jurados com pouca experiência e afinidade. Será que podemos concluir que um vinho ou espumante medalha de ouro é melhor que o medalha de prata ou bronze? Com certeza não.
Os concursos assim como as avaliações são uma loteria e o melhor que podem fazer consumidores e produtores e ficar longe deles e suas conclusões.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pelo simples prazer


O vinho e o espumante são bebidas que ganham destaque a cada dia junto á sociedade. Parece ter surgido a necessidade que o indivíduo moderno e atualizado conheça este tema, ainda que superficialmente.
Proliferam notícias gerais e colunistas especializados nos diferentes jornais e revistas, aumentam a oferta de cursos e o número de associações, sociedades e confrarias temáticas que agrupam pessoas interessadas em saber mais sobre uvas, regiões produtoras, tipos de vinhos e degustação.
Quando as pessoas são introduzidas no mundo da uva e do vinho através de uma destas alternativas, descobrem quanto é amplo, longo e enriquecedor o tema. Há tanta bibliografia disponível nas livrarias e na internet que adquirir conhecimentos teóricos rapidamente requer interesse, um pouco de memória e muita paciência porque o caminho é longo.
Já o conhecimento prático deve ser encarado como o desafio que representa adquirir uma habilidade cumprindo as etapas que são: conhecimento, prática e aplicação.
Nos cursos, nas associações e nas confrarias se adquirem os primeiros conhecimentos iniciais e se pratica a degustação.
No hábito do consumo freqüente, quase diário, se aplicam os conhecimentos adquiridos e os sentidos se aprimoram e habituam às cores, aromas e sabores dos diferentes vinhos. Aí o caminho se alarga quase na dimensão do horizonte e a cada passo ganha tons, cheiros, aromas e sabores antes desconhecidos.
O verdadeiro apreciador de vinhos e espumantes sabe que a humildade e a paciência são suas principais virtudes: a primeira impede que caia na armadilha do “já sei tudo” e a segunda alimenta sua curiosidade.
É muito importante que as pessoas que se interessam pelo tema uva e vinho tomem o cuidado de não transformar cada encontro com o vinho numa estafante prova organoléptica onde ganha quem fala mais e diz menos ou quem recita frases de efeito.
Levar gravado que vinho bom é aquele que dá prazer ao beber-lo, independentemente da origem, tipo, variedade ou preço
Finalmente entender que a moderação no consumo valoriza o prazer de beber beneficiando a alma, e a frequência, conforme já demonstrado por inúmeros estudos, beneficia o corpo.