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domingo, 3 de junho de 2018

Wine Tour Mendoza - Parte 1




Junto com a minha amiga Claudia Luce Lund, proprietária da Casa de Turismo em Porto Alegre, organizamos o que chamamos Wine Tour Mendoza de 16 a 21 de maio.

Com um grupo de 10 pessoas partimos para esta cidade na qual me formei e passei minha adolescência e juventude até vir ao Brasil em 1973.

Mendoza é uma das mais belas cidades da Argentina, situada ao pé dos Andes.

Por causa disso ela junta áreas desérticas e áreas com ampla vegetação entre as quais ganham especial destaque os vinhedos.

Esta pequena província é a maior e melhor produtora de uvas e vinhos do vizinho país, terra do Malbec, das frutas, das árvores, dos olivares, da água.

Sim, porque Mendoza é um verdadeiro oásis no deserto surgido pela mão do homem, que soube criar os “caminhos da água” através dos quais leva esse precioso líquido desde as geladas montanhas até as áreas cultivadas e cidade.

São rios que enchem lagos e represas que alimentam canais mais largos e rápidos, ou mais estreitos e lentos chamados acequias que irrigam os plátanos que dão sombra e frescor a cidade.

Sem água, Mendoza não existiria por isso há um culto à arvore, às flores, à natureza verde que muda de cor conforme as estações.
O clima destaca as estações de forma marcante sendo que nas extremidades o calor e frio são intensos e nas estações médias como outono e primavera as cores e os aromas tomam conta do ambiente.

Caminhar pelas calçadas de Mendoza num túnel de plátanos de sombra e ouvir o som da água escorrendo pelas acéquias centenárias é algo especial porque mostra a interligação entre ambos, um vive pelo outro, um está aí para o outro.

O City Tour feito no primeiro dia teve como finalidade mostrar ao grupo estes detalhes que destacam o esforço feito pelo homem ao longo de séculos.

O passeio pelo Parque General San Martin, em pleno centro da cidade destacou a admiração e respeito que existe pelos heróis nacionais sendo o General José de San Martin um dos maiores. O cruze dos Andes a cavalo e mula com seus soldados para libertar Chile e Peru foi um epopeia digna de ficar registrada num imponente monumento na cidade que ele amou.

A viagem até o mirador do Aconcágua já nos 3.000 metros de altitude, foi também uma bela experiência porque mostrou a imponência dos Andes, os matizes dados pelo minério às pedras que formam as montanhas, o silencio e o efeito da altura, o ar rarefeito, o frio, a neve, a natureza pura e limpa. Curioso saber que por menos de quarenta metros o Aconcagua não atinge a altitude de 7.000.

Confesso que tinha saudade destas sensações. Foi reconfortante voltar.

Após termos entendido as características desta região, concentramos nossas atenções nas vistas às cantinas programadas.

Todos os que me conhecem sabem que na minha longa passagem pela De Lantier, de 1973 a 2004, tive o privilegio de participar de todas as fases de evolução da enologia gaúcha.

A De Lantier foi a primeira cantina a incorporar o aço inoxidável na elaboração de vinhos brancos e a pioneira no uso de barricas de carvalho francês de 225 litros na maturação de vinhos tintos, lá pelos fins da década de setenta.

Por isso jamais poderia ser um crítico do uso destas ferramentas.

Mas o que me incomoda um pouco é comprovar que as cantinas modernas fazem uso do inoxidável e da barrica indiscriminadamente, afirmam que são a base da qualidade, esquecendo outros fatores como por exemplo a maturação e o envelhecimento lento e prolongado.

Por isso e para mostrar a meus companheiros de viagem que há outras formas de elaborar vinhos, escolhi cantinas que a meu ver conservam a “velha forma de elaborar vinhos tintos”.

Nela predomina a madeira, nobre, de carvalho sim, mas de maior tamanho para dar ao vinho o devido tempo para maturar de forma lenta e gradual.

Estas cantinas que visitamos colocam no mercado vinhos de pelo menos cinco anos, os aguardam e guardam, os afinam, os bem-tratam durante repetidos invernos.

E o resultado é totalmente diferente, encantador, mágico, digno do potencial que a terra e clima de Mendoza oferecem.

Com esses critérios escolhi as cantinas a visitar: Carmelo Patti, Norton, Cavas de Weirnet e Lopez.

Na próxima postagem relato as visitas e o destaque de cada um dos estabelecimentos.

2 comentários:

jacques disse...

Minhas bodegas preferidas na Argentina. Ansioso para ler a próxima matéria.
Jacques

Adolfo Lona disse...

Obrigado Jacques por acompanhar meu blog. Acabo de publicar a primeira visita.
Abraço