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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Tintos e brancos



A preferência dos consumidores brasileiros pelo vinho tinto em relação ao branco é uma clara demonstração do longe que estamos em conseguir que o consumo seja um hábito. Que no inverno rigoroso do sul seja inevitável consumir tintos é totalmente lógico, mas imaginar que na Bahia, onde todo o ano é “verão”, se consuma mais tinto que branco é difícil de entender. O clima e a gastronomia pedem brancos.
A idéia que “o verdadeiro vinho é o tinto” associado às constantes notícias relacionando o consumo moderado deste vinho aos benefícios ao sistema cardiovascular por conta da redução do colesterol ruim, impedem que as pessoas desfrutem dos prazeres de saborear um vinho branco, fresco, frutado, alegre, versátil.
É sabido que o vinho branco acompanha uma quantidade maior de pratos e em maiores ocasiões que o tinto: aperitivos, entradas, pratos frios, peixe, carnes brancas, queijos frescos, etc.
Há algumas décadas o consumo de espumantes era limitado ás comemorações e festas de fim de ano. O consumidor abriu a cabeça e descobriu esta magnífica bebida companheiro de todas as horas, o consumo aumentou, ficou mais constante e como conseqüência há mais pessoas felizes.
Chegou a hora de disser basta ao preconceito em relação aos vinhos brancos, aproveitar a enorme e variada oferta que há no mercado e usufruir da vantagem competitiva dos provenientes da América do Sul: tem qualidade e preços excelentes.
Da variedade Chardonnay originária da França e perfeitamente adaptada nesta região, podem se encontrar vinhos mais nervosos, frescos e convidativos da Serra Gaúcha, ou mais alcoólicos e amáveis da Argentina. Tanto Chile como Uruguai produzem brancos com Sauvignon Blanc difíceis de serem esquecidos. O chileno é intensamente frutado com presença marcante de pêssego e maracujá no nariz e na boca Já o uruguaio, mais sutil, algo selvagem e herbáceo não é menos agradável. O Rio Grande do Sul, produz com esta variedade, brancos ligeiros e elegantes seja na Serra como na Campanha.
Para quem prefere os aromáticos pode escolher entre um atrativo Torrontés argentino, em especial do norte, da região de Salta, ou um Moscato da Serra, leve, delicado e fácil de beber.
Para quem acha que vinho branco não tem graça, convido a fazer uma prova: encha até a metade um copo generoso, de bom tamanho com um vinho branco dos citados acima a temperatura ambiente, coloque duas pedras de gelo e agite com cuidado, como se estivesse arejando um vinho tinto. Aproxime o nariz e desfrute do “mundo de aromas” que se descobre para você inicialmente e que ao primeiro gole, invade toda sua boca. É um dia frio? Faça isto ao lado da lareira.

5 comentários:

Unknown disse...

Querido Adolfo,

Concordamos completamente com o que dizes sobre os brancos.

De fato, muitos que começam a apreciar vinhos acreditam que os "entendedores" preferem os tintos. Falo de camarote...

Nada pior poderia acontecer na vida de um amante do vinho do que desprezar os brancos. Perderá preciosos anos de prazer à mesa.

Pedimos sua permissão para reproduzirmos sua postagem em nosso blog sobre vinhos, citando a fonte claro.

Segue o link do nosso blog: http://www.vivinhos.blogspot.com/

Gostaria ainda de deixar registrado que sou fã dos seus livros e dos seus espumantes. Parabéns!

Abraços e sucesso!

Adolfo Lona disse...

Caríssimo Edgard:
Lógico que está autorizado a reproduzir minha postagem. Fico feliz em encontrar pessoas que concordam com este critério absurdo que como você disse, faz perder preciosos anos de prazer à mesa.
Obrigado pela atenta e calorosa mensagem.
Grande abraço
Adolfo

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Olá.

Achei seu blog por meio de outros, realmente os "entendedores" preferem os tintos não sei por que raios. Deve ser por que os vinhos mais famosos são os "Crus" de Bordeaux, mas esses entendedores não experimentaram os Chablis ou os ótimos vinhos do porto branco que são raríssimos no nosso mercado

O que tu dizes sobre a combinação de pratos realmente é verdade, pois nós que vivemos em um país "tropical" se conscientizássemos que existe vinho branco seria 100x mais fácil tomá-lo uma pena as pessoas somente saberem da existência do vinho tinto. Para você ter uma idéia de onde essa onda chega é só prestar a atenção, se você vai a um restaurante e pede a "famosa carta de vinhos" de 100 rótulos 80 são tintos 19 são brancos ou espumantes e um é rose ISSO É INACEITAVEL (principalmente a parte do rose). De qualquer forma deixo meu abraço e continue com suas postagens estão ótimas

Adolfo Lona disse...

Caro Vinicius:
É verdade que as cartas tem poucas opções de brancos. Isto é porque pedem pouco e porque pedem pouco, há poucos.
Espero que o consumidor brasileiro desperte para este vinho que tem mais a ver com o clima e gastronomia de nosso pais.
Obrigado pela participação do blog.
Abraço.
Adolfo