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segunda-feira, 1 de março de 2010

CURSO DE VINHOS E ESPUMANTES (4)


O Brasil vitivinícola:
A área total plantada no Brasil de uvas para vinhos finos, comuns e consumo in natura é de 82.500 hectares assim distribuídas:
Rio Grande do Sul: 50.400 has.
São Paulo: 9.700 has.
Pernambuco: 7.100 has.
Paraná: 5.800 has.
Santa Catarina: 4.900 has.
Bahia: 3.700 has.
Minas Gerais: 800 has.
O Rio Grande do Sul, além de ser o estado com maior área plantada, se caracteriza por ser o o maior produtor de suco de uva, vinhos finos e comuns e espumantes. Na safra de 2009 foram colhidas 737 mil toneladas.
As regiões mais importantes por ordem de antiguidade são: Serra Gaúcha, Campanha e Serra do Sudeste. No mapa acima se observam esta regiões.
Serra Gaúcha:
Como já vimos surge com a chegada dos imigrantes italianos em 1875.
Perfil produtivo: São mais de 15.000 famílias que produzem em pequenas propriedades onde todos participam. A média das propriedades é de 3 has caracterizando um perfeito exemplo de minifúndio.
Geografia: bastante acidentada o que impede a mecanização. Não é estranho encontrar "colonos" trabalhando a terra ajudados por uma junta de bois.
Solos: Compactos e argilosos o que facilita o escoamento das águas de chuva. Geralmente ácidos com necessidade do uso de cal para neutralizar.
Clima: Chuvoso, estações bem marcadas com invernos longos, úmidos e frios com riscos freqüentes de geadas e verões quentes e chuvosos. Boa amplitude térmica (diferença entre temperatura máxima e mínima em 24 hs.)
Produção: Na Serra Gaúcha, 80% dos vinhedos são de uvas da espécie americana ou híbridos de americanas como Isabel, Concord, Niágara, Herbemont, Seibel, Seyve Willard e outras. Estas uvas, apesar da resistência que existe entre os formadores de opinião, tem sido o sustentáculo dos produtores rurais devido à procura, aos baixos custos de produção e a resistência que possuem em relação ás moléstias ocasionadas pelas chuvas. Dificilmente estes vinhedos serão erradicados pelo constante crescimento da produção de sucos de uva e pelo bom mercado que os vinhos de mesa tem junto à população de baixa renda.
Os 20% restantes são de uvas da espécie européia, conhecidas como viníferas, destinadas á elaboração de vinhos finos e espumantes. As mais cultivadas são as brancas Chardonnay, Riesling Itálico, Moscatel e Sauvignon Blanc e as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot, Tannat e Pinot Noir.
Perspectivas desta região: Devido a estrutura produtiva de pequena propriedade esta região sempre enfrentará dificuldades mas por outro lado, esta estrutura permitirá pequenos empreendimentos familiares que serão sustentados pelo enoturismo e pelo atrativo que a produção de vinhos e espumantes em pequenos volumes resulta para o mercado consumidor.
A geografia potencializa os problemas criados pelas chuvas já que a umidade tem mais dificuldade em ser eliminada. Isto faz com que as uvas maturem menos, condição boa para as destinadas a vinhos brancos e base espumantes, mas ruim para os vinhos tintos com pretensões de longevidade. Estes vinhos exigem alta concentração de componentes da cor e somente os vinhedos com rigoroso controle de produtividade e dos trabalhos culturais poderão oferecer matéria prima adequada.
Por todas estas razões é provável que haja um crescimento das uvas destinadas a espumantes e sucos e uma diminuição das uvas tintas finas.
O enoturismo crescerá aceleradamente o que beneficiará as pequenas vinícolas, verdadeiro patrimônio desta região.

2 comentários:

Ricardo disse...

Olá Adolfo,
Achei seu Blog por acaso e queria te parabenizar pelo grande trabalho que está sendo feito aqui. Você realmente está expondo todos os pontos da Vitivinicultura do nosso país.
Me interessei especificamente por esse post, pois estou realizando uma pesquisa do setor vitivinícola e gostaria de saber a sua opnião em relação ao crescimento desse setor no Brasil. Você realmente imagina a quantidade de vinhos de mesa subindo proporcionalmente mais do que a quantidade de vinhos finos vendidos no Brasil? Será que o aumento de renda que está ocorrendo nos últimos anos levará a população a consumir mais vinho e deixar a "gelada" de lado??
Se possível, gostaria do seu ponto de vista nessas questões!

Muito obrigado pela atenção

Adolfo Lona disse...

Prezado rds:
Não acho que o vinho de mesa crescerá mais que os vinhos finos, ao contrário.
Acredito que as novas modalidades de embalagem, em especial o bag-in-box, possibilitarão que os vinhos finos cheguem aos novos consumidores de menor renda a preços competitivos. As uvas americanas tem uma função importantíssima para atender o mercado de sucos naturais, onde o suco de uva, em função de suas virtudes, cresce muito e também no mercado mundial de suco concentrado no qual o Brasil atua fortemente há pelo menos três décadas. Em resumo, as uvas americanas não serão erradicadas mas perderão importância para elaborar vinhos.
Deixar e gelada é algo mais complicado e longo porque precisa quebrar uma barreira cultural.
Mas vamos chegar la!!!
Abraço
Adolfo