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quarta-feira, 21 de abril de 2010

CURSO DE VINHOS E ESPUMANTES (5)


REGIÃO DA METADE SUL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
A metade sul do Estado do Rio Grande do Sul se caracteriza pela cultura da pecuária e agricultura extensiva de arroz, feijão, soja e milho.
A geografia menos acidentada e o clima úmido favorecem estas culturas. Não há tradição no cultivo de uvas e por isso não existe a figura do pequeno produtor mas desde a década de setenta em algumas regiões se cultivam uvas.
Devido a sua geografia os excessos de umidade são mais rapidamente eliminados ajudados pelos ventos. Por tal razão na Metade Sul as uvas atingem índices de maturação ao ponto tal que dispensam a chaptalização (1) e chegam ás cantinas em melhor estado sanitário que as uvas da Serra Gaúcha. Com isto ganham maior aptidão para a elaboração de vinhos tintos de qualidade.
Existem atualmente duas regiões: a Campanha e a Serra do Sudeste.
CAMPANHA
Bagé e Santana do Livramento:
Estas duas cidades tiveram uma importância fundamental porque foram as precursoras.
A empresa Almadén, subsidiária da multinacional National Distillers, proprietária da Almadén Vineyards da Califórnia, iniciou suas atividades como produtora de uvas e vinhos no Brasil em 1974, quando adquiriu 20 hs de terra no município de Bagé onde iniciou a plantação de mudas de uvas européias. Em 1976 mudou sua base para Santana do Livramento, aparentemente por não ter recebido os subsídios desejados, adquirindo uma área de 1.200 hs no distrito de Palomas.
Como Almadén sempre comercializou seus vinhos sem fazer relação á zona de produção, esta região ficou pouco conhecida pelo mercado consumidor. Almadén foi vendida para a Heublein que posteriormente a repassou a empresa francesa Pernod Ricard. A marca entrou em decadência e finalmente em 2009 o grupo gaúcho Miolo a incorporou através de uma sociedade com Randon e Benedetti.
Livramento é uma boa região apesar de ter problemas de solo.
Em Bagé há terras excelentes e o novo empreendimento que se destaca é a Vinícola Peruzzo que, numa área de 150 hs cultiva 15 hs de uvas finas como Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot e outras onde aplica rigorosos controles de produtividade por pé, poda curta, poda verde e desfolhe. Obtêm uvas de alto grau de maturação e excelente estado sanitário que são elaboradas numa pequena cantina com uma cave de maturação em barricas de carvalho francês de vinhos e espumantes e modernos equipamentos. Peruzzo elabora todos seus vinhos e espumantes utilizando exclusivamente as de seus vinhedos. Bagé ganhará prestigio com a atuação desta vinícola.
Candiota e Dom Pedrito
Nestes dois municípios a vitivinicultura é muito recente e há, além de pequenos empreendimentos familiares, a presença da Miolo que adquiriu uma grande área de terras em Candiota. Nela cultiva uvas finas tradicionais e também de origem portuguesa como Touriga Nacional,Alfrocheiro e Tinta Roriz que parecem ter se adaptado muito bem. Da cantina recentemente construída saem os vinhos das marcas Fortaleza do Seival e Quinta do Seival. Recentemente a Miolo anunciou que todos os vinhos da marca Miolo também serão elaborados em Candiota com o que antecipa o abandono da região do Vale dos Vinhedos como origem deste tipo de vinho.
(1) Chaptalização: Prática enológica permitida somente nos países onde a escassa maturação das uvas impede que os vinhos possuam graduação alcoólica natural superior a 10%.
Foi desenvolvida pelo químico francês Jean-Antoine-Claude Chaptal do qual deriva o nome. A referida prática possibilita adicionar açúcar de cana ou de beterraba (conforme a maior disponibilidade) aos sucos antes da fermentação com o objetivo de aumentar o grau alcoólico. No Brasil é permitida a chaptalização até no máximo 3% em volume. Na Argentina e Chile não é permitida porque as uvas atingem maturidade suficiente.

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