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sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Mais um erro





Em meu livro, Vinhos e Espumantes, Degustação, Elaboração e Serviço, editado em 1996, eu separava as duas posturas que devemos ter ante o vinho.
Leia abaixo o texto original.


Simplifique o ato rotineiro de "tomar vinho"

Ou seja, beba vinho na hora que quiser, no copo que tiver, misturado ou não. O vinho é e sempre será a única bebida capaz de satisfazer a sede do corpo e da alma.
Devemos lembrar que o consumo de vinho diluído ou misturado com água e/ou gelo permite a alguns países tradicionais manter elevado o consumo per capita e ainda educa o paladar aos sabores típicos do vinho.
Alguma vez experimentou o refresco de vinho (com água gaseificada e gelo) num dia quente, como substituto de uma eventual cerveja?


Valorize o ato especial de "apreciar um vinho"

Reserve para estas ocasiões as pequenas regras que permitirão aproveitá-lo ao máximo.
Neste caso sim são importantes tipo e tamanho do copo, temperatura correta, abertura antecipada, sequência correta, etc.
Saber apreciar vinhos exige um mínimo de investimento pessoal, como tempo, dedicação, interesse e, principalmente, humildade para nunca achar que já conhece tudo.
O caminho passa invariavelmente pelo consumo habitual, quase diário.
Proporcione ao vinho as mínimas condições para que possa lhe oferecer o melhor de si.

Certamente jamais se arrependerá disso.

Por esta razão não posso concordar com a campanha publicitária lançada recentemente pelo IBRAVIN onde se atacam e ridicularizam as “regras” do serviço do vinho.

Penso que passaram dos limites. Que devemos simplificar e desmistificar o vinho, não tenho dúvidas. Agora achar que todas as recomendações que resultaram de séculos de consumo habitual no mundo, são regras, e que por isso é preciso quebrá-las, é atacar o próprio vinho.

O vinho, esta bebida milenar que faz parte da cultura de inúmeros países do mundo, deve ser levado mais a sério.
A necessidade de simplificar não tem, necessariamente, de acabar e ridicularizar quem curte tomar alguns cuidados como escolher o copo adequado, a temperatura, a oxigenação.

Muito menos menosprezar, ainda que indiretamente, aqueles profissionais de serviço, os sommeliers, que estudam, pesquisam, dedicam boa parte de sua vida a tarefa de bem servir os amantes do vinho.

Esses amantes quando solicitam o serviço de um destes profissionais, não querem vinho em copo de geleia nem querem gelo no vinho. Não interpretam a correção do serviço como regra.

Infelizmente continuamos cometendo os mesmos erros.

Continuamos achando que para valorizar algo novo, produtos ou não, é necessário atacar o tradicional, desmerecê-lo, desvalorizá-lo.

Assim não se constrói, se divide, se perde, perdemos todos.

3 comentários:

G&O na Vila disse...

Caro Sr Lona,
Exatamente o que penso,a diversidade de momentos que o vinho pode estar presente é tão ampla,que ouso dizer que a única bebida que possui esta versatilidade.
Abraços
André do Monte

Adolfo Lona disse...

Caro André, obrigado por seguir meu blog. Infelizmente, por conta da péssima atuação de algumas entidades, não aproveitamos esses valores. Abraço

Carlos Malanconi disse...

Bom dia Prezado Adolfo.
Isso mais uma vez prova como o Brasileiro e Principalmente quem nos deveria educar e orientar são IGNORANTES. Pois tenho certeza que quando viajam ao Exterior ou quando participam de algum Evento querem seguir as Ditas Regras. Infelizmente vivemos num País medíocre em quem um dito presidente não sabe diferenciar uma "pinga" qualquer de um grande Vinho e se diz possuidor de uma grande adega as custas de um povo ignorante. Desculpe o desabafo e receba meus cumprimentos. Um abraço.