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sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Descomplicando




Em recente visita a nosso distribuidor em BH, Casa Rio Verde, fiquei gratamente surpreso pela forma criativa que utilizaram para apresentar os vinhos e espumantes nas prateleiras das cinco lojas: por estilo.

Vinhos tintos mais leves para o dia a dia, tintos macios, tintos intensos e tintos complexos. Espumantes frutados (charmat) e complexos (tradicional).

Foi um trabalho de equipe que resultou observando a atitude dos clientes no momento da (in)decisão na escolha do produto a adquirir.

Sem analisar se esta forma é a ideal, se poderia ser diferente, temos de concordar que é uma maneira original de descomplicar o vinho, tirando regiões, safras, castas, cuvèes, indicações, denominações e demais variáveis que confundem, amedrontam, assustam o consumidor.

A indústria vitivinícola precisa entender que o consumidor brasileiro é um novo aficionado, que nada sabe, que precisa ser educado e para isso precisa beber.

É fundamental atrair pessoas que hoje consomem outras bebidas para ampliar o mercado e principalmente criar o hábito do consumo.

Como não ficar amedrontado na frente de uma prateleira na qual há centenas de vinhos de diferentes países, regiões, sub-regiões, variedades, safras, etc?

Como não ficar assustado quando precisa decidir se adquire Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Pinot Noir, Egiodola, Teroldego, Malbec, Carmenere, Barbera, Tannat, Gamay, Syrah, Tempranillo, Carignan, Bonarda, etc. etc?

Sem pensar nas outras tantas de variedades brancas.

Com madeira, sem madeira, safra nova ou safra antiga?

Mais fácil passar para a prateleira das cervejas, rápido, porque também está começando a ficar complicada.

Sem sombra de dúvida que a maior riqueza do vinho é a sua forte ligação com a terra e com a casta com a qual foi feito, sua capacidade de melhorar com o tempo, de ser diferente, único.

É importante ressaltar isso e valoriza-lo, mas será que toda esta complexidade precisa estar na recepção, na porta de entrada do novo consumidor?

Recordo que anos atrás, o Ibravin estudou a possibilidade de colocar em prática um programa de cursos de introdução ao vinho, abrangendo o maior número possível de capitais e grandes cidades.

Cursos simples, introdutórios, didáticos, direcionados a pessoas atraídas pelo vinho mas sem conhecimentos. Através destes cursos iriam sendo criadas “confrarias” nas quais posteriormente seriam oferecidos cursos mais abrangentes. O diferencial era que seriam dados por pessoas locais preparadas por profissionais especializados, de modo a dar permanência e sabor local ao projeto.

Infelizmente a ideia foi abandonada.

Enquanto não há recursos para divulgação da “instituição vinho” de forma massiva, é necessário e importante o trabalho de formiga, lento, localizado, efetivo, focado.

É necessário achar formas para atrair novos consumidores e não fazer as mesmas a cada ano direcionadas aos que já consomem. Muitos destes já se decidiram pelo importado.

Grandes ações do tipo “tiro de canhão” são efêmeras e custosas.

O vinho brasileiro merece e precisa ganhar novos adeptos ou continuará sendo relegado ao papel menor que hoje ocupa.

2 comentários:

Aurelio disse...

Os vinhos das bodegas Lopez sempre estiveram entre meus favoritos. Infelizmente sumiram do mercado brasileiro há um bom tempo.
Chateau Montchenot e Chateau Vieux são grandes vinhos e devem ter sumido por causa dos modismos. Felizmente hoje um bondoso importador os trouxe de volta mas ainda não os vi nas gôndolas dos supermercados ou em lojas especializadas aqui em São Paulo.
Parabéns pelo artigo.
Aurelio Guerreiro

Adolfo Lona disse...

Obrigado Aurelio. Espero que voltem para agradar os mais pacientes. Abraço