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domingo, 19 de maio de 2013

Cadê o Sommelier?



Este artigo foi motivado por um comentário pertinente de um conhecido que visitando a Serra estranhou a total ausência do sommelier nos restaurantes que frequentou.

A figura do profissional especializado em bebidas nos restaurantes enobrece a casa e tranquiliza o cliente. Ao final de contas, não todas as pessoas sabem qual o vinho da carta que combina melhor com o prato ou vice-versa.

O Rio de Janeiro, com certeza pelo fato de ter nascido lá a primeira escola criada com a Associação Brasileira de Sommelier na década de oitenta, foi a capital onde se valorizou primeiro o trabalho deste profissional.
Tudo começou com a chegada ao Rio de um jovem sommelier italiano de 25 de nome Danio Braga que estava a serviço da seleção italiana como gerente de alimentos e bebidas na Copa do Mundo de 78 na Argentina.
Ao passar pela cidade maravilhosa decidiu ficar ao encantar-se (quem não se encanta?) com as belezas naturais, estilo de vida e oportunidades que oferecia. Já em 82 inaugura seu primeiro empreendimento em solo brasileiro: o restaurante Enótria que fez enorme sucesso. Graças a sua inquietude e dinamismo, Danio cria em 1982 a ABS-Associação Brasileira de Sommeliers que foi e impulsionadora desta profissão no Brasil.
Alguns anos depois e por iniciativa dele outras sedes foram abertas em diferentes capitais.

A ABS é a responsável direta da formação do sommelier e para tal fim exige pelo menos três anos de aulas teóricas e práticas com uma prova final extremamente rigorosa. Passar por esta prova é fundamental para receber o diploma.

Em São Paulo, capital brasileira da gastronomia, a ABS local conseguiu com seu trabalho incansável que a profissão de sommelier ganhasse valor e hoje são poucos os restaurantes que não contam com o auxilio deste profissional.

Por ser o estado produtor de uvas e vinhos finos, o Rio Grande do Sul deveria ser pródigo neste aspecto, mas por incrível que pareça é rara a presença de um sommelier nos estabelecimentos da Capital e pior ainda, da região da Serra.
É constrangedor que na região produtora, onde o visitante é exposto à enorme variedade de vinhos e espumantes locais não haja a figura do sommelier que oriente, explique, recomende. A falta de sommelier se evidencia na precariedade das Cartas de Vinho onde há pouca variedade e nenhuma explicação sobre origem, castas e safra. Algo tem de ser feito.

Sem a presença forte da ABS no estado, orientando, acompanhando o cumprimento das fases que compõem os três anos necessários, pouco será feito.

Não basta contar com cursos de vinho, de sommelier rápidos de sessenta horas ou de seiscentas, o importante é criar condições de formar profissionais capazes de desempenhar a função de forma competente. O mundo das bebidas é tão amplo que exige total dedicação. O mundo da uva e do vinho é tão basto que exige tempo, paciência e a consciência de que sempre haverá algo novo para aprender.

O cliente de bares e restaurantes é a cada dia mais exigente e merece um tratamento especial, sério, competente. É fácil resolver o problema colocando um moço bem apessoado repetindo frases estereotipadas, mas não é sério fazer isso. É necessário entender que é inadmissível que no estado maior produtor o trato do vinho seja tão precário e primário.

Rio de Janeiro e São Paulo conseguiram isto com muito esforço e tempo graças a atuação forte da ABS que preparou professores, planejou as etapas e foi rigorosa na aprovação dos candidatos.
Hoje são exemplos a serem seguidos.

Talvez as entidades ligadas ao setor de vinhos da Serra Gaúcha deveriam procurar a ABS do RJ ou SP e dar todo o apoio para criar as bases para um trabalho de longo prazo de preparação de sommelier. A região precisa contar com este tipo de serviço que valorize os vinhos e espumantes, nacionais e importados e atenda as expectativas dos frequentadores de bares e restaurantes.

3 comentários:

antonio cadete disse...

..Nós por cá, ainda estamos a começar a "educar" o consumidor final, ainda não dá, para ter sommelier!!

Vitor Mauricio Xavier disse...

Caro Adolfo, concordo com você. E mais, um sommelier, mesmo que não seja exclusivo de uma só casa e não esteja lá o tempo todo, pode ajudar para que o restaurante tenha uma carta muito mais interessante (e não por isso mais cara) do que as cartas montadas por importadoras ou representantes de venda.

Agora, pergunto, esse curso da UCS em parceria com a Fisar...é coisa boa?

Outra coisa (um pouco fora do tema) onde consigo seus vinhos? (cheguei agora, mas ainda vou explorar o seu blog, claro)

Saúde!
vmx

Adolfo Lona disse...

Caro Vitor: Obrigado pelos comentários. Infelizmente muito dono de restaurante prefere entregar a carta a importadoras que as preparam conforme a sua conveniência e com isso condenam o cliente a beber exclusivamente os vinhos por eles distribuídos.
Em SP tenho um sommelier representante chamado Diego Graciano que atende pelo fone 11.95133.4000. Abraço