Estou iniciando o blog "VINHO SEM FRESCURAS" justamente porque estou cansado de tanta frescura quando o tema é vinho. Pretendo abordar todos os assuntos relacionados a esta bebida tão natural da forma mas simples possível. Participe enviando noticias, comentários, críticas ou elogios sobre vinhos, espumantes nacionais ou estrangeiros e até, se quiser, sobre algúm de meus espumantes ou vinho que elaboro na pequena e simpática cidade de Garibaldi no interior de Rio Grande do Sul.
terça-feira, 16 de abril de 2013
Perda de valores
A queda do consumo de vinhos na França nas últimas décadas está preocupando os especialistas que temem que a mudança seja um sinal da perda de valores essenciais da identidade francesa.
Acho que a queda de consumo de vinhos que se observa há décadas em todos os países tradicionalmente vitivinícolas são resultado de uma VERDADEIRA MUDANÇA DE VALORES que para alguns é perda, para outros, simplesmente mudança.
O caso da França chama mais a atenção, mas já aconteceu em países muito próximos como Argentina. Na década de 60 consumia quase 100 litros ano/habitante e agora não supera os 40 litros.
Novas épocas, novos estilos de vida, novos hábitos. Melhores, piores? Simplesmente novos.
É natural que países como França e Itália sintam que estão perdendo uma parte da sua identidade. O vinho sempre esteve profundamente inserido na cultura, fez parte dela.
Uma pessoa que consome quase 100 litros de vinho por ano bebe muito, coloca sua saúde em risco, em alcoólatra? Depende da forma que beba.
Vamos aos cálculos:
Uma taça generosa de vinho contêm ao redor de 150 ml.
Se for consumida uma taça no jantar todos os dias ao longo da semana o consumo será de aproximadamente 1 litro. Como o ano tem 53 ou 54 semanas, o consumo anual será de mais de 50 litros.
Se for consumida também uma taça no almoço o consumo chegara a 100 litros. Assim de simples.
Isto explica porque nos países tradicionalmente vitivinícolas o consumo era muito alto. Resultava do hábito inquebrantável de consumir vinho durante todas as refeições, o vinho formava parte da gastronomia, era considerado parte da alimentação.
Como o almoço familiar era uma instituição respeitada e praticada, o hábito do consumo de vinho durante as refeições se transmitia de pai para filho, era parte da cultura dos povos.
O homem trabalhava e sustentava a família, a mulher cuidava dos filhos e da casa e os filhos estudavam e brincavam com amigos, na rua, sem riscos.
As cidades cresceram, chegou a TV, depois o computador, depois a internet, o homem não consegue almoçar em casa, a mulher, que sai a trabalhar por uma necessidade de realização pessoal e profissional, muitas vezes também não consegue voltar pra casa no almoço, os filhos se criam de forma mais independente, sem a presença constante dos pais que perdem influencia sobre eles. E o velho e saboroso almoço familiar fica reservado para os fins de semana. Surgem os restaurantes de comida rápida, os buffet a quilo, o refri ou água como companheiro das refeições...e o vinho perde espaço, fica restrito a momentos “especiais”, deixa de ser popular e se elitiza.
Os países tradicionais têm de ficar preocupados, há razões de sobra para isso.
Já o Brasil vive uma situação diferente dos países tradicionais porque o vinho nunca foi, salvo nas comunidades produtoras, uma bebida inserida nos hábitos alimentícios. Sempre foi e continua sendo uma bebida associada a status e ascensão social. Uma prova disso é a enorme quantidade de porcarias de fora que se consomem por serem importadas. O vinho nacional ainda não é considerado à altura do status dos vinhos estrangeiros por pior que sejam.
Mas o que mais entusiasma o produtor de vinhos e espumantes é o enorme potencial que existe no mercado já que se consomem somente 2 litros por habitante/ano.
O interesse crescente dos consumidores que estimula a presença constante do tema “uva e do vinho” na mídia nacional constitui um círculo virtuoso que resultará no aumento lento e progressivo do consumo.
Dificilmente atingirá os volumes dos países tradicionais mas será suficiente para possibilitar o desenvolvimento das regiões produtoras do Brasil e a chegada de novos e melhores vinhos de fora.
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3 comentários:
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Curso com meus vinhos? Me explica melhor por favor.
Meu e-mail é vinhos@adolfolona.com.br
Gostei muito do blog e das dicas, seguindo, comprei alguns rótulos sugeridos no site http://www.vinhobr.com.br/ vale pena conferir.
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