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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Estilos



Não há dúvida que Robert Parker foi um divisor de águas para o mercado mundial de vinhos.

Com suas avaliações ficou tão famoso e respeitado que os vinhos bem pontuados se transformaram em exemplos de estilo a ser seguido.

Com ele surgiu o estilo de vinho amadeirado, encorpado, alcoólico, potente que o mercado reconheceu como o representante dos vinhos de qualidade.

Como era de esperar muitas cantinas buscaram aproximar seus produtos a esta proposta e a oferta, reconheçamos, ficou um pouco monótona e cansativa.

Passamos longos anos assistindo a predominância da madeira que pelo mau uso foi mais prejudicial que benéfica. Como maturar os vinhos tintos por longos períodos em barricas francesas é custoso, a saída dos mais expertos foi apelar para o uso de lascas de madeira colocadas em contato com o suco ou com o vinho.

O resultado foi quase igual para o consumidor médio, forte aroma e gosto de baunilha, tostado e chocolate. Delicioso!

Passamos longos períodos invadidos por ofertas de vinhos tintos alcoólicos nos quais a graduação inferior a 14% era defeito.

Buscando isto Argentina desfigurou muitos malbecs por conta da sobre maturação à qual era exposta esta uva resultando em vinhos novos com gosto de cozido, frutas secas, cansado.
Estes vinhos constituem a classe de produtos excelentes para animar conversas mas não para beber. No segundo copo o corpo pede água.

Estas duas variáveis formavam o vinho tinto encorpado, másculo, apropriado para bebedores valentes e fortes.

Este perfil geralmente pertence a uma parte do novo consumidor ávido por demonstrar que conhece.

Este caminho que o mercado trilhou foi consequência da influencia do Sr. Parker.

Mas como não há mal que dure cem anos e especialmente porque o consumidor de vinhos é progressivo, aprende, fica experto, esta moda está perdendo força, o Sr. Parker começa a ser esquecido e os produtos com aromas e sabor de vinho, saborosos, medianamente encorpados e alcoólicos, fáceis de beber começam a ganhar mercado.

As pessoas que consomem quase que diariamente vinho porque o incorporaram a seus hábitos alimentícios, buscam produtos leves, agradáveis, que harmonizem facilmente com os diferentes pratos.

Os novos consumidores, os que inicialmente bebem socialmente, são os mais sensíveis a serem influenciados pelos omnipresentes enochatos que fundamentam seus conhecimentos nos vinhos pontuados, premiados, recomendados por estrelas e colunistas.

Felizmente este novo consumidor vai educando seu paladar a medida que torna mais frequente a presença do vinho em sua vida diária e com sua curiosidade constante descobre que não tudo é alcoólico, concentrado, encorpado. Que é mais prazeroso saborear um vinho leve, elegante, agradável que convive mais harmoniosamente com os mais variados pratos ou degusta-lo sozinho.

É a evolução do mercado consumidor que não para, progressa.