Estou iniciando o blog "VINHO SEM FRESCURAS" justamente porque estou cansado de tanta frescura quando o tema é vinho. Pretendo abordar todos os assuntos relacionados a esta bebida tão natural da forma mas simples possível. Participe enviando noticias, comentários, críticas ou elogios sobre vinhos, espumantes nacionais ou estrangeiros e até, se quiser, sobre algúm de meus espumantes ou vinho que elaboro na pequena e simpática cidade de Garibaldi no interior de Rio Grande do Sul.
domingo, 21 de agosto de 2016
Saudade não tem fim...
Esses dois vinhos da fotografia foram desafios marcantes na minha vida de enólogo.
O Baron de Lantier representou a partir de 1978, vencer enormes desafios que começaram com a escolha, implantação e acompanhamento técnico de variedades como Cabernet Sauvignon e Merlot, decisão sobre a melhor forma de elabora-lo, matura-lo e envelhece-lo.
O objetivo era produzir um vinho de guarda que fosse motivo de orgulho para todos os gaúchos.
O modelo de elaboração eram os tintos robustos de Bordeaux.
Por isso devíamos partir de uma excelente matéria prima, sã e madura, macerações longas para extrair o máximo possível de componentes da cor e corpo, maturação em barricas de carvalho, e envelhecimento suficiente para obter a complexidade olfativa e gustativa digna deste tipo de vinho.
Querer fazer é uma coisa, fazer, é outra.
Viajei, visitei Rioja, Barolo e Bordeaux à busca de soluções e informações e voltei com muitas. Mas uma foi reveladora. Na visita ao Château Margaux, seu técnico, o saudoso Paul Pontallier, respondeu assim a minha pergunta de qual seria a melhor forma de elaborar um tinto de guarda no Brasil: “você terá de achar a formula, todas as que veja fora podem não servir”.
A escolha da madeira das barricas foi o primeiro desafio que resolvemos com pragmatismo.
Em Barolo, Itália, a recomendação era utilizar barricas de carvalho da Eslovênia, em Rioja na Espanha, carvalho americano e em Bordeaux, carvalho francês.
Importamos 50 de cada, fizemos testes e um ano depois decidimos: seriam barricas francesas das florestas de Never e Allier, medianamente porosas.
O tempo de envelhecimento foi determinado pelo próprio vinho. Quase todas as safras entre 12 e 14 meses, na magnífica de 1991, a espera foi maior, 25 meses.
Acredito que com este vinho a Serra Gaúcha demonstrou que era possível produzir vinhos que desafiassem o tempo e ganhassem com ele, elegância, amabilidade e complexidade.
As primeiras medalhas em Concursos Internacionais que o Brasil ganhou, la pelos anos oitenta, foram com o Cabernet Sauvignon Baron de Lantier.
Já o vinho Merlot / Cabernet Sauvignon Adolfo Lona que lançamos no início da minha carreira solo em 2004, após sair da Bacardi, foi totalmente diferente ao Baron de Lantier.
Tratava-se de um vinho jovem, fresco, amável, convidativo, que fosse capaz de representar dignamente aquela variedade de uva que acho ser, junto com a Cabernet Franc, uma das mais representativas da Serra: a Merlot.
O grande diferencial era a origem da uva, o Município de Pinheiro Machado, nos antigos vinhedos da Companhia Vinícola Riograndense, implantados na década de setenta pelo visionário engenheiro agrônomo Onofre Pìmentel.
Nesta região, devido ao solo e clima, as uvas tintas atingem a plena maturação fenólica possibilitando desta forma vinhos mas equilibrados e elegantes.
Infelizmente os novos proprietários decidiram vender sua produção para cantinas direcionadas a volume e o potencial desta região perdeu um excelente referencial.
Por esta e outras razões sentimos insegurança na continuidade do fornecimento de uvas desta parcela e abandonamos o projeto.
Agora, somente espumantes.
Sou apaixonado pelo mundo do vinho, numa região que poucos consomem vinho regularmente, como faço a cerca de 12 anos... Sempre acompanho suas publicações. Também valorizo e consumo com mais frequência, os vinhos brasileiros, assim como os espumantes, porém minha condição financeira me permite degustar apenas os vinhos e espumantes da faixa inferior de preços, e ainda não oportunidade de degustar os seus conceituados espumantes.
ResponderExcluirParabéns pela perseverança e pelos textos que sempre publica...
Caro Jose, obrigado pela mensagem. Para beber bons vinhos não é necessário poder adquisitivo. É necessário garimpar e as surpresas são muitas. Meu vinho predileto é o Chardonnay Varietal Aurora que no supermercado custa menos de R$ 30,00. Boa sorte e abraço
ResponderExcluirOlá Adolfo, descobri teu blog por acaso. Sou na verdade um "bebedor" de vinho desde meus de tempos de pia no interior do RS e sempre acompanhava meu pai quando ia comprar vinho colonial.
ResponderExcluirAchei excelente tua colocação quando você fala em beber vinho sem frescura, inclusive já bebi vinho em caneca de alumínio, mas o que importava naquele momento era o momento e acompanhada de umas bebidas que serve para todos os momento. Resolvi seguir tua dica o José, e comprei em um mercado aqui de POA o vinho que sugeriste: Chardonnay Varietal Aurora. Bebericnado este vinho e digo: Aprovado. Vou seguir teu blog a partir de agora. Grande abraço. Enio L. Studzinski