sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Umas e outras sobre espumantes



Tem de ser agradável

Quando idealizo um espumante sempre penso na reação do consumidor de modo geral sem ficar preocupado em agradar os “entendidos” ou os novatos.

Penso que toda pessoa que toma a decisão de abrir uma garrafa de espumante o faz num estado de espírito diferente, na expectativa de passar um momento especial, alegre, festivo, descontraído. Isto não combina com acidez excessiva, adstringência, agressividade. Por isso o mais importante é oferecer a esse consumidor produtos amáveis, fáceis de beber, agradáveis independentemente se o método de elaboração for charmat ou tradicional.

O componente que determina essa característica do espumante é o vinho base com o qual é elaborado entendendo que de modo geral a pressa é inimiga da maciez. Os vinhos muito jovens tem tendência a serem mais agressivos desde o ponto de vista ácido (acidez marcante é um fator de qualidade nos espumantes) por isso que a maturação de pelo menos um ano os torna mais macios e harmônicos. Os mais apressurados se aproveitam da tolerância excessiva da legislação que permite uma larga faixa de 6 a 15 gramas de açúcares por litro para o tipo brut, para amenizar a agressividade dos vinhos novos com boas quantidades desta. Estes espumantes acabam sendo “brut, ma non troppo”.


Não sempre é açúcar

As participações em férias e encontros de vinhos servem para conhecer mais e melhor o consumidor. Numa delas nós éramos os únicos a oferecer espumantes e por isso uma longa fila se formava quando abríamos a degustação. A maioria dos interessados eram mulheres, o que não surpreende. São elas as que impulsionam a aumento de consumo ano a ano (benditas sejais!!!). Algumas delas nos abordavam solicitando “um espumante dozinho”. Ao provar nosso brut rosé, que era servido sem saberem que era brut com somente 8 gramas de açúcares a reação era , invariavelmente positiva, de agrado. Ao serem informadas da diferença ficavam agradavelmente surpresas e agradecidas pela experiência.

As pessoas, homens e mulheres, não gostam de “dozinho”, gostam de produtos amáveis, agradáveis, convidativos. Insistir na tese de que o brasileiro gosta de vinhos e espumantes adocicados é um equívoco.


Verdadeiramente ruins

Sempre afirmei que tanino e gás carbônico não formam um bom casamento. Ontem tive mais uma prova. Me ofereceram para degustar um espumante tinto que não informarei a marca porque não é o caso, e comprovei que o resultado final não é agradável.

Para esconder a tanicidade potencializada pelo gás é colocado açúcar em altas quantidades, acima de 15 gramas. O resultado: uma meleca horrorosa.

Não é o caso somente do tinto. Alguns rosé de tons subidos também são pesados, adocicados, indigestos.

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