Estou iniciando o blog "VINHO SEM FRESCURAS" justamente porque estou cansado de tanta frescura quando o tema é vinho. Pretendo abordar todos os assuntos relacionados a esta bebida tão natural da forma mas simples possível. Participe enviando noticias, comentários, críticas ou elogios sobre vinhos, espumantes nacionais ou estrangeiros e até, se quiser, sobre algúm de meus espumantes ou vinho que elaboro na pequena e simpática cidade de Garibaldi no interior de Rio Grande do Sul.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Chaptalizar
É conhecido por enólogos e enófilos o fato que grandes regiões produtoras acharam o caminho da qualidade quando submetidas a grandes desafios. A necessidade de preservar a região foi mais forte que o interesse imediato, e por isso, criaram mecanismos de estímulo à qualidade das uvas e dos vinhos.
A Serra Gaúcha enfrenta um desafio que parece ser ignorado pelas entidades ligadas ao setor: o clima que dificulta a total maturação das uvas. A solução encontrada até o momento foi permitir a chaptalização (ainda bem que limitada a 3 graus alcoólicos!) que nada mais é do que permitir o uso de açúcar exógeno (cana) para aumentar o grau alcoólico.
O problema desta medida não são as eventuais 50 gramas por litro de açúcar super refinado que pouco efeito tem. O problema é o escasso estágio de maturação que resulta em sucos e vinhos verdes, carentes de componentes da maturação que tanta diferença fazem nas características do produto final. Para os vinhos tintos então, os mais apreciados neste momento pelo mercado, a situação é catastrófica. Taninos verdes, difíceis de amaciar, amargos, são o diferencial negativo dos vinhos.
A medida que deveria ser tomada para corrigir este defeito de fábrica? Eliminar a chaptalização como pratica enológica permitida na elaboração de vinhos finos.
Não precisaria ser uma proibição drástica, imediata. Para dar tempo às adaptações necessárias poderia ser abaixado um grau por ano e em três anos erradicar esta prática.
Para as cantinas mais ousadas que já não praticam a chaptalização esta medida não fará diferença.
Tenho certeza que surgirão problemas, diminuirá a produção por pé, algumas regiões terão mais dificuldades que outras, aumentarão os custos, mais a recompensa valerá à pena. O setor poderá dar uma demonstração de coragem e vontade de aprimorar a qualidade e o mercado seguramente irá reconhecer como já o faz em relação aos espumantes.
Se não for aplicável a todos os vinhos finos produzidos no Brasil então que se criem duas categorias de vinho com nomes diferenciados, um chaptalizado e outro não. Será a forma de proteger os interesses do consumidor que deve saber quem é lebre e quem é gato.
Grande Mestre Lona. Será que o problema é clima da Serra? Não seria o preço pago pelas vinícolas aos produtores que, em contrapartida, produzem até 10 quilos por planta para equilibrar o orçamento, quando poderiam produzir frutas espetaculares com 1 ou 1,5 por planta? Temos clima, temos até chuva, coisa que Mendonça nem tem e precisa buscar a 300 metros de profundidade. A ameaça do granizo muitas vezes faz o colono se apressar, mas se o preço da uva fosse digno, creio que teriamos vinhos competitivos internacionalmente. Un Saludo.
ResponderExcluirTenho evitado os vinhos nacionais por causa dessa adulteração com açúcar de cana. Prefiro os argentinos, chilenos e portugueses. Mas uma enóloga me disse que os argentinos estão se deixando corromper e usando açúcar nos vinhos destinados ao Brasil. E já vi vinho chileno com termos como "medio dulce". Que você diz Adolfo?
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