O Jornal Folha de São Paulo publica matérias traduzidas do The New York Times e uma do dia 01 de agosto que trata do Pisco e o descreve como “Aguardente ganha nova via nos EUA”, é simplesmente hilariante. Só pode ter sido erro de tradução a forma como se descrevem algumas curiosidades desta interessantíssima bebida.
Numa janela destacada tem a frase: “Antes (talvez) feito com cocaína, o pisco torna-se elegante”.
Ao ler a matéria fica claro que apesar dessa pérola da tradução, não se afirma que o destilado seja feito com cocaína e sim que talvez, alguma vez, em algum lugar, o pisco sour, drink feito misturando açúcar (sólida ou xarope) limão e clara de ovo, possa ter sido consumido com cocaína (?). O pisco sour, tirando a clara de ovo, não deixa de ser um irmão gêmeo de nossa caipirinha, não?
Em outra passagem do artigo se afirma que “o pisco, diferentemente da grappa italiana ou do marc da França” (bagaceiras em português) que são feitos do mosto, o sedimento da vinicultura, é uma aguardente de uvas”.
Com certeza a autora do artigo não escreveu esta besteira. A grappa italiana, o marc francês e a bagaceira portuguesa, são destilados do bagaço da uva e não do mosto. Mosto não é o sedimento da vinicultura e sim o suco bruto, recém extraído da uva por prensagem ou esmagamento. A matéria prima da grappa ou do Marc é o bagaço da uva ou as partes sólidas (casca e engaço ou cabinho) que são colocadas em silos para fermentar e posteriormente destiladas. Por ser resultante deste processo, o destilado é muito carregado de componentes e exige cuidados porque ao ser mal elaborado pode ter altos teores de álcool metílico que é venenoso.
Se uma matéria tão simples como a descrita acima tem tantos erros de tradução, que pensar de temas mais importantes? Os jornais deveriam ter mais cuidado ao traduzir matérias e fazer-lo utilizando pessoas que conheçam minimamente o assunto se não dá nisso.
Para esclarecer, o Pisco é um destilado de vinhos jovens elaborados a partir de uvas brancas aromáticas. Nasceu no Peru mais quem o desenvolveu comercialmente foi o Chile que se atribui a criação.
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ResponderExcluirMaravilhoso post! Unica coisa interessante a corrigir é o último "mas" que saiu um "mais".
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