sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Está na hora de refletir



O Ibravin, muito gentilmente, enviou os dados do fechamento do ano 2015 do desempenho do mercado brasileiro de vinhos e espumantes.

As quantidades estão em litros e a análise de vinhos é somente do provenientes de uvas europeias.

Como mostra o quadro acima, apesar do crescimento do volume de vinhos nacionais que permitiu um ligeiro ganho de participação de 20,04 para 20,30%, a situação do mercado de vinhos finos dá ampla vantagem para os provenientes do exterior. Parece que a alta do dólar não alterou muito a situação, 80 e 20.

Nos últimos cinco anos o crescimento do volume de vinhos importados consumidos é expressivamente maior que os elaborados no Brasil.

Minha percepção: a luta é difícil. O mercado mo mesmo período cresceu somente 9,05% sendo que os importados 9,41% e os nacionais 7,68%. É muito pouco para todo os esforço que se faz.

Continuará sendo uma luta inglória se não se trabalha em conjunto O setor produtivo brasileiro com os importadores e setor produtivo estrangeiro com o mesmo foco e esforço: aumentar o mercado, ao final somos um país com mais de 200 milhões de habitantes.

Esta na hora de parar de "brigar pelo mesmo mercado" e juntar esforços para trabalhar pela instituição "vinho".

É importante reforçar as virtudes do vinho em relação a outras bebidas e parar de complicar a vida do consumidor que cada dia se sente mais indefeso e inseguro. As recomendações, tabelas, listas, rankings e seleções que todos os expertos e os não tanto publicam, deixam o apreciador convictos que nada sabem. Não sabem nem do que gostam.

Já o desempenho dos espumantes continua surpreendendo e parece confirmar a excelente imagem que o brasileiro tem do espumante feito no pais. E não está equivocado, a qualidade não para de se aprimorar.

A relação de participação é a inversa dos vinhos, os espumantes brasileiros retem 82,06% do mercado. Fantástico!!

Nos últimos cinco anos o volume comercializado cresceu 35,59% sendo que os nacionais cresceram 49,44% e os importados caíram 4,79%. Toma!!!!

Minha percepção: o espumantes esta se tornando a bebida predileta das brasileiras e de alguns brasileiros. E não parará de crescer graças a suas virtudes.

Diria mais: não há outra bebida que se identifique tanto com o brasileiro como o espumante. É festivo, alegre, leve, descontraído, fácil de beber, accessível, charmoso, etc.etc.

A todos os que gostam, apreciam e bebem espumantes nacionais eu quero agradece em nome de todos os produtores e comerciantes brasileiros. Tim tim, felicidades e muitas borbulhas.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A corda não aguenta




Trabalhar num setor onde os fatores externos são incontroláveis e afetam diretamente o negócio é verdadeiramente desalentador.

A recente escalada dos impostos que recaem sobre os vinhos e os espumantes, além da desvalorização do real frente ao dólar, podem ocasionar danos irreparáveis ao mercado destas bebidas.

Estes fatores afetam diretamente os preços dos produtos, afugentando consumidores e o caixa de produtores e comercializadores pelo efeito sobre o capital de giro.

Aumento de impostos:

ICM no RS: em 01.01 passou de 17% para 18%. O efeito direto com a ajuda da ST é de +1,80% sobre o preço final.

IPI federal: em 01.01 passou de valor fixo de ao redor de R$ 1,50 por garrafa para 10% sobre o preço com ICM. O efeito direto com a ajuda da ST e ICM será de pelo menos 8,5%. Esta porcentagem varia conforme o preço do produto.

Repasse de aumento de custos: Geralmente no início do ano ou nos primeiros meses, as empresas repassam os aumentos de insumos decorrentes da inflação. Em 2016 temos um agravante que foi a desvalorização da moeda que afeta os insumos que são ou utilizam matéria prima importada, como as rolhas e as garrafas. Os aumentos da energia também empurram para cima os custos.

Somadas estas três variáveis deveremos esperar um aumento de custos entre 15 e 20%. Que infelizmente terá de ser repassado aos preços.

Como os consumidores não aumentaram sua renda nesta porcentagem provavelmente haverá retração de consumo.

Para manter a competitividade a saída será diminuir margens de lucro ou os custos dos produtos.

Quem elabora produtos de alta qualidade a alternativa de diminuir custos via substituição de uvas ou tipo de insumo, não serve. A saída será diminuir as margens já perigosamente pequenas.

Para quem produz vinhos e espumantes com preços muito competitivos o problema se agrava. Terá de optar entre aumentar preços e perder participação ou diminuir custos utilizando uvas mais produtivas, garrafas mais baratas, rolhas de menor qualidade. Uma decisão difícil.

Os importadores estarão na mesma encruzilhada. Perder margem, perder mercado ou optar por linhas de produtos mais baratas. A última alternativa parece a mais provável.

Mas esta brutalidade feita com a carga tributária não vem sozinha. Tem um efeito nefasto sobre o capital de giro das empresas.

Os impostos são pagos no mês seguinte ao fato gerador, ou seja, ao dia da emissão na nota fiscal. Como as vendas são feitas raramente em 28 dias, os produtores acabamos financiando os “Governos”. Algo difícil de acreditar.

Ajuste do desequilibrado capital de giro via financiamentos?

Nem pensar porque não existem. Os bancos se caracterizam por financiar as empresas grandes, as que menos precisam.
Aos pequenos exigem faturamento, garantias, etc.

Conclusão: É triste, desalentador, preocupante que após anos de trabalho duro procurando manter a máxima qualidade a preços competitivos, sintamos que a corda está prestes a romper-se.

A corda do consumidor não consegue se estender mais, a nossa está na mão de nossos administradores públicos, nossos sócios compulsivos e odiados, que apertam, apertam, apertam....